Entenda o aumento de alertas de desmatamento na Amazônia
- Consultoria Green Forest
- 14 de jun.
- 3 min de leitura
A Amazônia Legal, palco de contradições entre dados oficiais e tendências alarmantes, registrou em abril de 2025 um aumento de 55% nos alertas de desmatamento em relação ao mesmo mês de 2024, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) . Esse repique ocorre após fevereiro ter marcado o menor índice histórico para o mês, com 81 km² de áreas devastadas – queda de 64,3% ante 2024 . A oscilação revela um cenário complexo: políticas de fiscalização mostram eficácia sazonal, mas falhas estruturais mantêm o bioma sob risco.
Fevereiro: Uma trégua frágil no inverno amazônico
A redução recorde em fevereiro foi atribuída pelo governo federal ao reforço do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que recebeu R$ 730 milhões em investimentos até 2027. Tecnologias de monitoramento em tempo real e operações conjuntas com a Polícia Federal em regiões críticas, como o norte do Mato Grosso, contribuíram para o resultado.
No entanto, especialistas alertam que o período chuvoso ("inverno amazônico") inibe naturalmente o desmate. O Observatório do Clima, ressalta: "A verdadeira prova virá entre maio e agosto, quando o solo seca e as motosserras retomam força". Em 2024, por exemplo, os alertas dispararam 42% na estação seca, mesmo após quedas similares em meses anteriores .
Abril: O sinal vermelho e a mobilização interministerial
O salto de 55% em abril – com 270 km² desmatados contra 174 km² em 2024 para o mesmo período – acionou alarmes no governo. Uma comissão entre os ministérios foi mobilizada para analisar os dados, com foco nos estados críticos: Amazonas, Mato Grosso e Pará, responsáveis por cerca de 80% dos alertas. As medidas emergenciais incluem:
Contratação de brigadistas em 17 estados;
Bloqueio de R$ 2,1 bilhões em crédito rural para municípios embargados;
Maior eficiência na rastreabilidade da madeira.
Apesar disso, o acumulado de agosto/2024 a abril/2025 ainda mostra uma queda de 5% no desmatamento, indicando que a tendência de longo prazo permanece positiva, porém instável.
Degradação florestal: A crise silenciosa que supera o desmate
Enquanto o desmatamento oscila, a degradação florestal (queimadas, extração seletiva de madeira e secas) atingiu 33.807 km² entre 2024 e 2025. Incêndios, agravados por dois anos consecutivos de seca extrema, foram responsáveis por 66% desses danos. "A degradação enfraquece a capacidade da floresta de estocar carbono e pode emitir mais CO₂ que o desmatamento total até 2030", alerta o INPE.
No Pará, municípios como Prainha lideram a degradação, com 67 km² afetados apenas em janeiro – equivalente a 6.700 campos de futebol. Unidades de conservação, como a APA do Tapajós, também sofrem: 0,3 km² foram degradados por garimpos ilegais em janeiro de 2025.
Pressão sobre terras indígenas e unidades de conservação
79% do desmatamento recente ocorreu em áreas privadas, mas unidades protegidas não estão imunes. Em janeiro de 2025, 7 das 10 terras indígenas mais afetadas estavam em Roraima, incluindo a TI Yanomami, onde 0,2 km² foram degradados. No Amazonas, a TI Alto Rio Negro perdeu 0,08 km² para invasões organizadas.O governo respondeu com a Portaria Interministerial Nº 1.309, regularizando o uso de florestas públicas por comunidades tradicionais via Contratos de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU) . A medida busca alinhar proteção ambiental e atividades sustentáveis, mas críticos apontam lentidão na implementação.
COP30 e a Consultoria Green Forest
O avanço da degradação ameaça o compromisso brasileiro na COP30 de reduzir 67% das emissões até 2035. Em 2025, a Amazônia emitiu 1,2 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente – 40% do total nacional. Modelos do IPCC projetam que, sem controle, o bioma pode se transformar em savana antes de 2050. Com mais de 7 anos de atuação no Pará, a Green Forest consolida-se como referência em regularização fundiária, licenciamentos ambientais e projetos sustentáveis. Sua expertise técnica contribui para alinhar desenvolvimento econômico e preservação na Amazônia.
Referencias:
Comments